Consumo exagerado de álcool afeta saúde, estética e desempenho atlético
O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) de 2012 demonstrou, comparado a 2006, um aumento de 20% na proporção de bebedores frenquentes (que bebem uma vez por semana ou mais) e um aumento de 10% do consumo entre as mulheres. Participaram da pesquisa 4.607 pessoas, de 14 anos ou mais, que responderam a um questionário com mais de 800 perguntas, a fim de avaliar o padrão do uso do álcool, tabaco e drogas ilícitas, bem como fatores associados ao uso excessivo como a depressão, impactos na saúde física, violência infantil e doméstica.
Com relação à quantidade de álcool ingerido, houve um aumento de 45% para 59%. Metade da população é abstêmica (não bebe), 32% bebem moderadamente e 16% consomem quantidades nocivas de álcool. A boa notícia é que com a mudança para a lei de tolerância zero com relação a beber e dirigir, houve uma diminuição de 21% na proporção de indivíduos que relatam ter dirigido após ter consumido álcool.
O estudo constatou que dois a cada dez brasileiros já sofreram algum tipo de violência física na infância, sendo que em 20% destes casos a vítima afirmou que o agressor havia ingerido algum tipo de bebida alcoólica. Os dados mostram ainda que 6% dos brasileiros(as) sofreram violência doméstica no último ano e em metade desses casos, o(a) parceiro(a) que exerceu a violência havia bebido.
Doenças
Fatores como ansiedade, angústia e insegurança tornam as pessoas mais suscetíveis ao alcoolismo. O diagnóstico do alcoolismo vem desde 1980 e tem como critérios a perda de controle (desejo incontrolável do consumo), tolerância (necessidade de consumir doses maiores para obter o mesmo efeito de quando bebia menos), síndrome de abstinência (surgimento de sintomas físicos e psíquicos quando o consumo é reduzido ou interrompido), tentativa de evitar a crise de abstinência e, saliência do consumo (a droga é mais importante do que tudo o que a pessoa preza).
Além das alterações no comportamento do alcoolista, este está sujeito a doenças como cirrose e hepatite, que interferem no bom funcionamento do fígado; alterações cerebrais como derrame, por ser um depressor do sistema nervoso central; alterações no sono, câncer no trato intestinal, bexiga, próstata e doenças cardiovasculares como a hipertensão e aterosclerose.
Para o tratamento do alcoolismo há a necessidade de um acompanhamento médico constante, psicólogos e ajuda dos familiares para vencer a doença.
Álcool e estética
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o consumo de álcool altera a produção de enzimas e estimula a formação de radicais livres, acarretando o estresse oxidativo que provoca a degradação do colágeno (responsável pela elasticidade da pele) e acúmulo de elastina (presentes na pele envelhecida). No mais, as toxinas presentes no álcool desidratam a pele, levando ao surgimento das rugas e linhas de expressão.
À medida que envelhecemos, nosso metabolismo fica mais lento e o consumo a longo prazo do álcool compreende calorias em excesso que são convertidas em gordura, acumulando-se principalmente na região abdominal, o que pode aumentar a incidência para doenças cardiovasculares. Também interfere na absorção do cálcio deixando os ossos mais frágeis, o que pode acarretar em fraturas ou mesmo na oestoporose. Associado ao cigarro os danos aumentam ainda mais.
Bebida e atividade física
Alguns estudos demonstram que o uso de álcool diminui a captação de glicose pelos músculos esqueléticos, prejudicando a utilização de glicose como fonte de energia nos exercícios físicos. Além disso, impede a transição dos íons de cálcio para dentro dos canais de cálcio, prejudicando o mecanismo de contração-relaxamento muscular. Seu uso contínuo promove a liberação de citocinas pró-inflamatórias causando estresse muscular e alguns estudos, ainda inconclusivos, baseiam-se na hipótese do álcool diminuir a ressíntese de glicogênio muscular e das proteínas musculares.
Os primeiros a sentirem os efeitos do álcool no organismo são os rins, Na pele, há a vasodilatação periférica, acarretando na perda de calor. Ocorre ainda o enfraquecimento muscular, aumento da pressão arterial, comprometimento da habilidade motora, inibição da absorção de vitaminas como as do complexo B responsáveis pela síntese muscular, além de participar do metabolismo dos principais nutrientes; e, finalmente, queda da velocidade de reação por ser um depressor do sistema nervoso central.