O deputado federal José Carlos Aleluia (DEM) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima no protesto na Barra
As manifestações contra a presidente Dilma Rousseff e o PT deste domingo, 16, tiveram uma característica diferente das anteriores: a participação maciça de políticos desde a convocação.
Nas anteriores, os partidos ficaram de fora, mais pela recusa de setores "organizados" que por vontade própria. Em Salvador, onde cinco mil pessoas ocuparam o Farol da Barra, a presença de deputados estaduais e federais, além de vereadores e dirigentes partidários ilustra isso. A pauta é uma só: a saída de Dilma Rousseff.
O problema é que a participação de partidários afasta aqueles eleitores de Dilma que estão insatisfeitos com o PT, mas que se recusam a engrossar as fileiras de uma oposição que tem "telhado de vidro".
Por outro lado, nunca o clima esteve tão favorável aos que se manifestam contra a presidente Dilma e o impeachment, que até pouco tempo atrás era tido como impossível, se tornou pouco provável e esta sutil mudança faz toda a diferença.
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'Bolo' ministerial
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, deu 'bolo' no governador Rui Costa e no secretário Fábio Vilas Boas (Saúde). Havia agendado visita à Bahia para apoiar o projeto estadual de combate à dengue, zika e chikungunya, mas desmarcou na sexta-feira.
Além disso, dos R$ 15 milhões pedidos pelo governo para a combater as doenças, apenas R$ 1,6 milhão foi liberado.
O motivo: falta de dinheiro.
Ciúmes — O ministro virá a Salvador amanhã para participar da Conferência: Saúde no Brasil pública e privada, quadro e expectativas. Recusou o convite de Rui e vem para outra evento. O ciúme é grande.
Deputados insatisfeitos
O clima entre deputados estaduais da base de Rui Costa e o secretário Josias Gomes (Relações Institucionais) voltou a ficar ruim. Os deputados dizem que Josias tem atendido os prefeitos diretamente e que isto diminui a influência deles nas prefeituras. Acontece que, com todas as amarras constitucionais, aos deputados sobra este papel de interlocução que agora está prejudicado.
"A campanha eleitoral presidencial dá muita visibilidade por causa das políticas públicas nacionais, mas não se morre por causa de presidente. Mata-se e morre-se por causa do vizinho candidato a vereador"
Carmen Lúcia. Em entrevista à Folha, a ministra do STF diz que é preciso construir uma saída institucional para a crise. A preocupação também é como a sociedade chegará à eleição de 2016.
Criteriosas agências
Os bancos estão longe de ser afetados pela crise econômica. Bradesco e Itaú anunciaram recordes de faturamento nos últimos meses. A situação está indo tão de vento em popa que até novos correntistas estão sendo selecionados criteriosamente. É o caso do Banco do Brasil. Quem precisa abrir uma conta no BB tem que esperar até 20 dias para ser atendido (ser atendido, não necessariamente abrir a conta).
Fica como está
Dificilmente o projeto de reajuste salarial dos servidores de Salvador será alterado. O entendimento do Executivo municipal é que o piso dos agentes de endemias será pago a partir da soma do salário-base com as gratificações. Este é o principal ponto de discordância.
O problema é antigo e acontece tanto no âmbito estadual quanto no municipal. Os gestores complementam salário-base baixo com gratificações.
Folha fechada — A folha salarial de agosto fechou na sexta passada e os líderes do governo na Câmara prometem buscar uma saída junto a Alexandre Pauperio (Gestão) para conseguir incluir o reajuste, em caso de aprovação nesta semana, na folha deste mês.
Sobre o justo e o duvidoso
O Tesouro Nacional decidiu suspender os pedidos de empréstimos dos governos estaduais aos bancos mundiais. A restrição já era esperada, mas o governo baiano tentava reverter, pois a Bahia tem condições de endividamento e depende destes recursos para fazer investimentos em meio à crise. O deputado Alex Lima (PTN) bradou contra a iniciativa do governo federal.
— Não é justo que a Bahia seja punida por conta da dívida de outros estados
Sobre chegadas e partidas
Alan Sanches (deputado estadual) e Duda Sanches (vereador de Salvador), ambos de saída do PSD, estão mais próximos de anunciar o novo destino partidário. Estão entre o PDT e o DEM, mais para o segundo. E se depender de Leo Prates, colega de Duda na Câmara, serão recebidos no DEM com toda a pompa e direito a 'tapete vermelho'.
POUCAS & BOAS
O Supremo Tribunal Federal adiou para a próxima quarta (19) o julgamento da ação que pode descriminalizar o porte de droga para consumo pessoal. O julgamento tem mobilizado diversos setores conservadores e progressistas da sociedade. A expectativa é grande sobre quais os caminhos o Brasil vai adotar daqui para frente.
Em Feira de Santana, a retirada das árvores da Avenida Getúlio Vargas está dando o que falar. A prefeitura precisa retirá-las para construir o corredor do BRT, mas o BRT precisa ser autorizado pela Justiça. Enquanto o imbróglio se estende, setores da sociedade se articulam para impedir a derrubada das árvores e cresce a insatisfação dos moradores com o sistema de transporte.
Geddel Vieira Lima não deu trégua a Renan Calheiros. No Twitter, o peemedebista deixou clara a posição: "Espero que o Renan Calheiros ouça as ruas e não insista em arrastar o PMDB para esse pântano ainda mais. O PMDB está rachado, vamos conquistar a maioria".
Uma das poucas manifestações pró-Dilma e PT foi feita em São Paulo, em frente ao Instituto Lula. CUT e sindicato dos metalúrgicos do ABC convocaram o ato. É aquela história de preservar o legado. Mas fora isso, poucas foram as manifestações a favor do governo.
O projeto que altera os critérios e valores do Planserv deve ser enviado para a Assembleia nesta semana. Os governistas trabalham com a ideia de colocar para votar dentro de no máximo um mês. Nesta semana, apenas um projeto está na pauta de votação.