Fundada com o nome de Saint Louis, a capital maranhense é boa opção de turismo histórico no Nordeste
Se alguém lhe perguntar que capital brasileira foi fundada por franceses, responda sem medo de errar: São Luís do Maranhão. Foi em 1612, em homenagem ao rei Luís XIII. Mas foram os portugueses que mais influenciaram a história desta cidade, que tem como principal cartão-postal o casario de fachada azulejada e as pedras de lioz que cobrem calçadas e meios-fios de seu Centro Histórico.
Os lusitanos chegaram por lá em 1535 e promoveram a reconquista do território em 1615, deixando na arquitetura seu principal registro. Hoje, muitos turistas de várias procedências visitam São Luís, que se assemelha a Salvador pela sua gente miscigenada e ruas coloniais. Vale lembrar que o resgate de sua beleza histórica deve muito ao chamado Projeto Reviver, que revitalizou o casario a partir da década de 70.
Passeio une história e natureza
São Luís tem cerca de 3.500 prédios históricos tombados, dos quais, 1.100 declarados Patrimônio Mundial pela Unesco. Só isto já vale uma visita à cidade. Mas há também o patrimônio natural da capital maranhense, localizada em uma ilha do mesmo nome, distante 463 km de Teresina, 803 km de Belém, 1.070 de Fortaleza, 1.601 km de Recife e 1.620 km de Salvador.
A construção do novo calçadão da Avenida Litorânea embelezou ainda mais a Praia do Calhau, uma das preferidas para se admirar o pôr-do-sol. As praias estão longe da área central, sendo difícil os retardatários encontrarem facilmente vaga para estacionar nos fins de semana ensolarados. Dentre outras muito freqüentadas, estão as do Caolho, Araçagi, Carimã, São Marcos (Marcela), Olho dÁgua e do Meio.
Som de Bob Marley veio pra ficar
São Luís é também conhecida como capital brasileira do reggae, que lá chegou para ficar na década de 70 e já faz a cabeça de pelo menos duas gerações. Durante todo o ano, a temperatura oscila de 26 a 28 graus. Praia, calor... e está criado o ambiente ideal para o ritmo de Bob Marley. Mas o embalo autêntico da terra é o bumba-meu-boi, que lota a cidade em junho.
O Rio Anil divide a capital em duas. De um lado, está o Centro Histórico e, do outro, a parte mais moderna, com São Francisco, Renascença e Ponta dAreia, onde estão os hotéis mais estruturados. Por falar em Ponta dAreia, é de lá que, a depender da maré, saem (ou chegam) os barcos que levam à histórica cidade de Alcântara. A empresa responsável pelas embarcações providencia transporte de volta ao Terminal Hidroviário, oficialmente responsável pelo serviço (Bernardo de Menezes).
Nem só de reggae vive a capital
Perdoem os fãs inveterados do reggae, mas o bumba-meu-boi do Maranhão é realmente a cara de São Luis, cujos arraiais lotam no mês dedicado às festas juninas. A cidade recebe, inclusive, muitos grupos folclóricos do interior do Estado. O bumba-meu-boi tem origem no tempo da escravidão, quando os negros e caboclos reuniam-se nas fazendas e engenhos para brincar.
A manifestação mistura dança, música, teatro, folclore e reúne cinco ritmos, ou sotaques. Entre mais famosos bois de São Luis estão o Maracanã, Madre Deus e Maioba. Entre os grupos folclóricos que vêm do interior, estão o Pindaré, o Axixá e Morros. Os ensaios dos grupos começam logo no sábado de Aleluia e o início da festa é 13 de junho, dia de Santo Antônio.
A primeira cerimônia é o batismo, quando o boi é introduzido. O ponto alto dos festejos acontece na véspera de São João, na noite do dia 23, quando os grupos apresentam-se nos arraiais, e na virada do dia 29 para o dia 30, quando os bois amanhecem para o encerramento da festa, no bairro João Paulo.
O QUE FAZER
Veja alguns pontos turísticos da cidade que podem ser visitados:
Palácio dos Leões Sede do governo, construído pelos franceses em 1612, tel. 98 3232-1633.
Igreja Matriz da Sé N. Sa. da Vitória A mais importante da cidade, do século XVII, ganhou aspecto neoclássico em 1922. Tel. 98 3222-7380.
Edifício São Luís De três pisos e duas fachadas, é o maior prédio revestido com azulejos em estilo colonial do Brasil.
Teatro Arthur de Azevedo De 1817, é o segundo teatro mais antigo do Brasil, tendo platéia em formato de ferradura. Tel. 98 3221-4587.
Fonte do Ribeirão De 1796, tem pátio revestido com pedras de cantaria e suas janelas gradeadas dão acesso a galerias subterrâneas.
Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho Acervo com peças de manifestações típicas, tanto religiosas como folclóricas. Tel. 98 3231-1557.
Convento das Mercês e Fundação da Memória Republicana Erguido em 1654 e inaugurado pelo padre Antônio Vieira, abrigou o Convento da Ordem dos Mercedários, de origem espanhola.
Cafuá das Mercês Antigo mercado de escravos, foi tansformado em Museu do Negro, com instrumentos musicais e peças diversas.
Casa de Nhozinho Homenageia artesão local que fabricava brinquedos para crianças pobres. Retrata o cotidiano maranhense. Tel. 98 3231-1557.
Rua Portugal São dois quarteirões com muitos prédios coloniais azulejados, cafés e bares.
Fonte do Ribeirão De 1796, tem fachada colonial com cinco carrancas. Fica no Largo do Ribeirão.
Fonte das Pedras Do século XVII, tem cinco carrancas em cantaria e várias galerias para captação de água. Fica na Rua Antônio Rayol, Mercado.
SERVIÇO
Compras - Artesanato em geral, doces, azulejos pintados, bordados, licores, rendas, peças de fibra, cerâmica e de tear são encontrados no Centro de Artesanato. Fica na Rua S. Pantaleão, 1332 (Madre Deus), aberto de 2ª a sábado das 9 às 19 horas e domingo das 10 às 14 horas.
Comida Os peixes e frutos do mar são preparados geralmente em forma de caldeiradas ou ensopados e acompanhados de cuxá. Este é feito com camarão seco, farinha de mandioca, gergelim torrado e erva azeda. O cuxá também pode ser acrescentado ao arroz, na tradicional receita arroz-de-cuxá.
Restaurantes (pescado) - A Varanda, no Monte Castelo, Rua Genésio Rego, 185, tel. 98 3232-8428. Cheiro Verde, no Olho dÁgua, Avenida São Luis Rei de França, 135, tel. 98 3248-1641. Dona Maria, no Calhau, Avenida dos Holandeses, km 9, tel. 98 3227-5331. Base da Lenoca, Avenida Dom Pedro II, 181, tel. 98 3231-0599.