Comerciantes da feira de automóveis da Ilha do Rato, localizada na Praça da República, próxima ao Feiraguai, no município de Feira de Santana (a 108 km de Salvador), fizeram uma manifestação na manhã desta quinta-feira, 13, para protestar sobre a desocupação do local. Eles reclamam que estão sem espaço para trabalhar, já que o terreno para realizar as atividades de comercialização de veículos foi transformado em um estacionamento.
Os manifestantes atearam fogo em pneus e bloquearam a pista, o que causou lentidão no trânsito. O fluxo de veículos voltou ao normal no final da manhã com a chegada do Corpo de Bombeiros, que apagou o fogo e desobstruiu a via.
"São sete anos de massacre, mas há dois anos a situação piorou e a cada dia vão diminuindo o nosso espaço de trabalho. Agora resolvemos parar tudo para chamar a atenção do judiciário que nos dê um resposta", afirmou Mario Cesar Rocha Gomes, representante dos vendedores.
Segundo ele, a Ilha do Rato funciona há mais de 35 anos e existe um processo que tramita na 4ª Vara Cível da comarca feirense que impede que o espaço seja utilizado para o comércio de veículos. "A prefeitura tentou nos tirar daqui nos colocando para o lado do Estádio Joia da Princesa, o que não foi aceito e hoje trabalhamos nos arredores de onde funcionava a Ilha do Rato, agora querem tomar tudo. Não vamos aceitar", destacou, acrescentando que cerca de 100 pessoas sobrevivem da atividade no local.
Eles dizem que o estacionamento pertence ao presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes de Feira de Santana (Avamfs), Nelson Dias, que quer tomar todo o espaço para construção de um shopping. "Ele está construindo um novo muro ao redor do estacionamento para ampliar o local e nos proibiu de pararmos os veículos para vender no local, o que é ilegal. Não vamos sossegar enquanto a situação não for resolvida", frisou.
O impasse chegou a gerar uma acirrada discussão e acabou com trocas de insultos e empurrões. Na ocasião, os manifestantes derrubaram o muro que estava sendo construído e impediram a entrada de veículos no estacionamento. A Polícia Militar (PM-BA) foi acionada e precisou intervir.
Nelson Dias diz que não há nenhum bloqueio para as atividades dos comerciantes e que parte da área da Ilha do Rato foi transformada em um centro comercial para abrigar os ambulantes que tinham ponto no local. As obras foram custeadas por meio de um convênio entre o município, a Avamfs e uma empresa privada. "Estes ambulantes estavam em barracas improvisadas e até impendido a utilização da calçada, então construímos estes boxes e eles estão comercializando em um local padronizado", disse.
Em relação à área do estacionamento, alvo do litígio em júdice, Dias disse que possui um dono e que ele apenas administra. "Temos esse contrato de aluguel. Eles não são donos da área, só estacionavam os carros para vender aqui. Eles continuam trabalhando ao redor da Ilha e querem um espaço que não é deles", explicou.
Ele também negou que o espaço esteja sendo ampliado e alegou que o muro estava sendo construído para evitar que novas barracas fossem instaladas no local. "É temporário, assim que for definida a situação na justiça retiraremos o muro. Tudo que estamos fazendo é com autorização", garantiu.