Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Alan do Carmo relembram Natal da infância
Ivete Sangalo - Cantora
"Minha mãe sempre cultivou o espírito do Natal. A gente rezava, montava o presépio, toda a simbologia do nascimento de Cristo. Era tudo muito lúdico. Eu acreditei em Papai Noel até nem lembro quando. Mas lembro que meu irmão Ricardo me deu uma boneca de plástico e disse que foi Papai Noel que deixou o presente embaixo da minha cama. Lembro que acreditava piamente e falava 'coitado de Papai Noel, tem tanto trabalho'. Tem uma outra história também, uma bicicleta que ganhei de meu pai. Eu e Cynthia, minha irmã, cada uma ganhou uma. Painho chegou e disse que Papai Noel tinha mandado o caminhão com dois presentes. Na época, a gente morava em Juazeiro e foi uma alegria".
Carlinhos Brown - Cantor e compositor
"Quando criança, eu ficava numa expectativa enorme de que meu vizinho, seu Mariano - o único que tinha radiola e que fazia a estrela d'alva mais bonita da rua - anunciasse a chegada do Natal com o enfeitar de sua casa. Era algo tão singelo. Todo mundo pegava engaço de licuri (ouricuri), pintava de tinta prata e jogava ao lado de bolas de natal de vidro. Era de uma força estética e de uma beleza. E, claro, era uma festa que todo mundo jogava areia e folhas de pitangueira na sala. Amava! Achava isso especial. Algo de sorriso e de família que me marcou para sempre. O que foi difícil para mim foi o madurar dos 11 anos, quando eu percebi que estava mudando porque ganhei roupa e não brinquedo... rs. Mas nunca me faltou carinho e sempre gostei das nossas tradições. O Natal é uma festa de nascer e renascer, de equilíbrio. Que seja a paz que tanto buscamos".
Allan do Carmo - Nadador
Minha família é muito unida, e o Natal sempre foi mais um motivo para que todos estivéssemos juntos. Para completar, meu primo Anderson faz aniversário no dia do Natal. Então, desde pequeno, essa é uma data em que a família celebra verdadeiramente a vida. Não só a de Jesus Cristo.
ACM Neto - Prefeito
"Tenho belas recordações do Natal. Uma das coisas que mais gostava de fazer era arrumar as árvores na casa dos meus pais e avós. Até hoje, mantenho este hábito, ao lado de minhas filhas. Também recordo que adorava sair às ruas para ver a iluminação porque aquele colorido especial me encantava. Também aproveitava para participar de apresentações de teatro na casa dos meus avós (Antonio Carlos Magalhães e Arlette Magalhães), local de tantos encontros inesquecíveis".
Rui Costa - Governador eleito
"Venho de uma família pobre e muito simples. Nosso Natal, como o de muitos brasileiros, era uma festa voltada para a confraternização em torno da fé, da união da família e da mensagem de Cristo. Ganhar presente nunca foi uma tradição. Era o momento de buscar bons sentimentos e rever familiares e vizinhos".
Dom Murilo Krieger - Arcebispo de São Salvador da Bahia
"A festa do Natal era o grande acontecimento da minha família. Éramos nove filhos, sendo eu o sexto. Ajudávamos papai a arrumar o presépio. Na noite de Natal, em fila, entrávamos na sala iluminada, cantando Noite feliz. Mamãe puxava as orações. O tempo passou, mas ficaram as lembranças. Ficou em meu coração a certeza de que há valores que não se compram: a certeza do amor de Deus e o sentir-se amado pelos familiares".
José Medrado - Médium
Ah! Papai Noel. Lembro-me dele, de papelão, pendurado em uma viga no teto da sala do sobrado onde nasci e cresci, na ladeira da Preguiça. Todo ano, ficava olhando para ele e fazendo pedidos, que nunca eram atendidos. Um dia ele atendeu, mas tudo errado. Pedi uma bicicleta e recebi uma pera. Isto mesmo, a fruta. Estranhei, mas pensei: fez confusão. Comi a pera sob protesto, mas entendo que, a partir dali, criei o compromisso de intermediar Papai Noel com as crianças carentes que, como eu, nunca ganhavam presentes. Assim, acredito até hoje em Papais Noéis".
Lelo Filho - Ator, produtor, diretor
"Natal, para mim, sempre foi uma mistura de sensações. Cresci vendo meus pais com dificuldade para dar presentes aos cinco filhos. Reunir família sempre garante muitas alegrias, mas Natal trazia, por alguma razão, certa melancolia, emoções brotavam nos mais velhos. Sempre era emoção demais".
Mãe Carmem - Ialorixá
"As festas natalinas eram uma ocasião muito esperada e com uma dupla alegria, pois, além dos presentes que o "bom velhinho" trazia, havia as lembranças pelos aniversários: o meu (29/12) e o de minha irmã mais velha (25/12). Titia Amô trazia surpresas e Sr. Rodolfo Bonfim, um ogã da Casa, chegava com as mãos cheias de "coisinhas" que me despertavam a curiosidade e a imaginação. São recordações de momentos inesquecíveis".
Xanddy - cantor
"O Natal sempre teve uma representatividade grande na minha vida. Minha mãe usava, todo ano, a mesma árvore, e a gente se juntava para 'desentortar' os arames e conseguir deixá-la em 'pezinha'. Com o aumento do número dos shows, nem sempre conseguia estar em família, e isso me marcou. Mas hoje, mesmo com a movimentação da agenda, busco manter esse momento aceso: juntamos todo mundo, a esposa e as crianças, e decoramos a casa".
Elísio Lopes Jr. - Dramaturgo, roteirista e diretor artístico
"O Natal é o que há de mais belo na melancolia. É como um retornar para o lar, após um ano inteiro de batalhas vencidas e perdidas, tendo sempre a certeza do colo e do abrigo da família. É sim uma noite feliz, pois nela regressamos ao ponto de partida: o nascer. E pouco importa o formato da nossa família, se pertencemos a ela por direito ou por escolha. O que vale é estar junto dela".
Adelice dos Santos - Atriz e poeta
"O sentido do Natal se revelou para mim aos 8 anos. Antes, era uma data ruim porque todo mundo ganhava presente, menos eu, pois sendo sagitariana de 19/12, o presente era um só. Mas, na volta da escola, no último dia letivo daquele ano, vi o presépio mais lindo da minha vida ao passar por uma casa. Achei lindo que todo mundo que passasse na rua pudesse entrar. Então, pensei, o Natal podia ser uma coisa boa!"
Mariene de Castro - Cantora
"Natal sempre foi uma data muito esperada. Escrevia a cartinha para Papai Noel e esperava a resposta dele. Colocava meu sapatinho na janela e ia dormir com aquele frio na barriga para, no dia seguinte, encontrar o presente. Era uma expectativa deliciosa. Até que, numa noite de Natal, fiquei com febre alta e passei a noite acordada. Foi quando ouvi aquele movimento na casa e vi minha mãe passando com minha bicicleta para colocar na árvore. Então, aquele momento lúdico e mágico se desfez. Fiz de conta que não vi, mas passei a entender que minha mãe sempre foi meu Papai Noel. Sou grata e, hoje, tento vivenciar esse momento mágico com meus filhos".