Miriam Hermes e Jane Fernandes | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Inema informou que a responsabilidade de recolher os resíduos é das prefeituras | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Até o último dia 4 de novembro a quantidade de resíduos recolhidos na costa baiana era de 800 toneladas, de acordo com o Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Inema). Logo que as manchas começaram a aparecer, municípios não sabiam como lidar com o fenômeno, seja no que diz respeito ao armazenamento, seja pela segurança no ato da recolha.
“Na primeira noite que os dejetos de petróleo chegaram em nosso município [24/10], os moradores da Barra do Carvalho fizeram a limpeza por conta própria e alguns levaram o material recolhido para casa dentro de sacos plásticos”, afirmou o secretário de Meio Ambiente de Nilo Peçanha, 277 km de Salvador, Marcos Héber.
No entanto, ele destacou que foi uma pequena quantidade, recolhida das residências a partir do dia seguinte quando a prefeitura distribuiu os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e passou a coordenar também o processo de recolhimento e armazenamento dos resíduos.
Héber explicou que no primeiro momento “os órgãos competentes não tinham repassado nenhuma normativa de como fazer o processo”, mas que “assim que fomos comunicados destas normas, adotamos todas as recomendações indicadas”, assegurou. O secretário disse ainda que “o petróleo recolhido encontra-se em recipientes seguros, longe do alcance de animais, crianças e de risco contágio ao meio ambiente, aguardando o pronunciamento dos órgãos competentes pra uma destinação final”.
De Ilhéus, o motorista e voluntário na limpeza das praias, Fábio Barreto, também disse que no princípio haviam dúvidas sobre destinação. “Quando começou isso a gente só queria limpar as praias. Mas eu não soube de destinação incorreta, porque o município logo organizou um local adequado”, ressaltou.
Destino - O Inema informou que a responsabilidade de recolher os resíduos é das prefeituras e que a União deverá dar o destino adequado. Em nota o instituto afirmou que tem fornecido contêineres e tonéis aos municípios que aderiram o decreto de emergência e que posteriormente fará a coleta do material a ser encaminhado para empresas especializadas no acondicionamento de resíduos.
A distribuição dos recipientes adequados teve início pelos municípios do litoral norte, por onde a poluição começou na Bahia. Os próximos a receber, ainda sem uma data marcada mas previsto para os próximos dias, serão os municípios das regiões Sul e Baixo Sul.
Riscos à saúde - Segundo a médica Rita de Cássia Franco Rêgo, professora do programa de pós- graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da UFBA, a inalação dos gases liberados pelo óleo podem irritar os olhos e as vias respiratórias, causando tosse, sufocação, taquicardia, dor de cabeça, náuseas, vômito, além de sintomas semelhantes à embriaguez.
Rita de Cássia esclarece que os problemas gerados variam de acordo com a característica e intensidade da exposição, podendo levar até mesmo a uma pneumonite química. A médica lembra ainda que o armazenamento desse óleo em casa traz risco de acidente, pois é um produto explosivo.
Em Salvador, a Empresa de Limpeza Urbana (Limpurb) orienta os grupos de voluntários a acondicionar o óleo removido em sacos plásticos e não retirá-los da praia por conta própria. Sempre que não encontrarem agentes da Limpurb no local, os voluntários deve ligar 156 para solicitar a remoção do material. A empresa está armazenando todo o óleo em depósito situado em sua sede.