Tia de Maria Vitória disse que o cunhado estava com a bebê no colo quando entraram atirando na casa
O alvo dos policiais que são apontados por testemunhas como autores do tiro que matou, quarta-feira, 16, a menina Maria Vitória Souza Santos, de 1 ano, em Amargosa (235 km da capital), era o balconista Wellington de Jesus Trindade, de 22 anos, que conversava com amigos em frente à residência da família.
Em entrevista ao A TARDE, Wellington disse que não tem passagem pela polícia e que já conhecia o policial civil (o outro é militar) que, segundo ele, tem "fama de valentão".
"Ele me confundiu com outra pessoa e, como ele queria matar, não pensou duas vezes. Foi Deus que me livrou. Infelizmente, eles acabaram matando a criança", lamentou o balconista.
Familiares
Parentes da menina também negam a versão de que teria havido uma troca de tiros na ação dos policiais. Eles afirmam que os invasores do imóvel já teriam chegado ao local atirando.
As testemunhas garantem, ainda, que os policiais teriam invadido a casa "em perseguição a um fugitivo".
Segundo Letícia de Almeida Santos, tia da menina, o policial civil, de prenome Carlos, teria chegado em um carro Fiat, modelo Palio, de cor preta, acompanhado por um policial militar, que estaria à paisana, e já teria descido do carro gritando "perdeu v..., hoje você morre!". Depois, segundo ela, teria começado a atirar.
"O rapaz se abaixou e correu para a casa de minha irmã, que estava com a porta aberta. Meu cunhado estava com minha sobrinha no colo, no sofá, e, quando percebeu, os policiais já invadiam a casa atirando. Ele tentou fechar a porta, mas eles abriram com chutes. A minha sobrinha foi atingida na testa", contou.
Marcas
No sofá, cama, paredes e porta da casa, as marcas de tiros, sangue e massa encefálica ficaram como provas da tragédia.
"Eles atiraram sem dó, e ainda quando viram o desespero de minha irmã, o Carlos gritou que a minha sobrinha era apenas mais uma vítima dele", acusou Letícia.
A menina foi socorrida pelos próprios policiais ao hospital municipal, onde chegou sem vida.
"Eles só levaram porque minha esposa invadiu o carro. Mesmo assim, eles a xingaram no caminho. Lá, pedi à delegada uma posição e ela apenas abraçou os policiais e os retirou do local", disse o pai da menina, Luiz Carlos da Silva de Souza.
Os familiares dizem que os policiais estariam fazendo uso de entorpecentes.
"No hospital, mostrei à delegada como estava o nariz deles, que tinha um pó branco e eles ficavam com o nariz escorrendo o tempo todo. Eles usam drogas e todos aqui na cidade sabem disso", acusou o pai da vítima.