A Marinha encontrou hoje os últimos dois corpos, entre os oito que estavam desaparecidos, dos tripulantes do pesqueiro Costa Azul, que naufragou na noite de terça-feira após colidir com o cargueiro Roko na Baía de Guanabara, no Rio. Oito barcos, um bote e um rebocador trabalham na operação. Trinta mergulhadores da Marinha e da empresa Tecsub, dona do barco, também estão envolvidos no resgate. O barco levava 12 pessoas, e quatro delas foram resgatadas com vida.
Prestará depoimento o prático, profissional responsável por guiar grandes embarcações na Baía de Guanabara. Ele estava no Roko no momento do acidente. A embarcação menor, a traineira Costa Azul, um pesqueiro adaptado para embarcação de mergulho, ficou destruída e está a 37 metros de profundidade. O barco pertencia à TEC-SUB Engenharia Subaquática, de Santos.
"A tripulação do Roko seguiu os procedimentos corretos. O que ocorreu foi um acontecimento lamentável. Eles nunca se envolveram anteriormente em acidentes", disse o advogado David Handerson, especialista em direito marítimo, que representa os tripulantes do cargueiro de bandeira das Bahamas. O advogado informou que a tripulação é russa e apenas o imediato é de Gana. "Estão todos abalados com as mortes", contou. Ele afirmou que não vai tentar recorrer para apressar a liberação do navio, que tem como destino a Ucrânia. "Nosso interesse é que a investigação seja bem-feita".
AcidenteO acidente aconteceu por volta das 23h30 de terça-feira quando o Costa Azul chocou-se lateralmente com um navio cargueiro que entrava na Baía de Guanabara. A tripulação do barco seguia para Jurujuba, em Niterói, onde iria reabastecer a embarcação. No momento do acidente, os quatro resgatados com vida conversavam na parte de trás da embarcação e pularam no mar. Os outros oito, segundo os sobreviventes, dormiam dentro do barco, que foi atingido na lateral pelo bico do navio cargueiro e virou.
O navio Roko, um frigorífico de 180 metros, entrava na Baía de Guanabara vindo de Itajaí, em Santa Catarina e seguiria para a Ucrânia após o reabastecimento. O acidente aconteceu a dois quilômetros da ponte Rio-Niterói e a um quilômetro do município de Niterói.
InvestigaçõesOs quatro sobreviventes - Eduardo da Silva Pinto, Tiago Batista Barros, Eliezer Chaves Oliveira e André Luiz Lorenzeti - depuseram na Capitania dos Portos ontem. Além deles, o comandante do cargueiro, Vladmirs Gruserviskis, e seu imediato também prestaram depoimento. O inquérito tem prazo de 90 dias para ser concluído.
O comandante da Capitania dos Portos, capitão-mor-de-mar-e-guerra Antônio Monteiro Dias, informou ontem que a colisão se deu entre a proa (parte anterior do navio) e o lado esquerdo da traineira. Em tese, seria incompatível com as rotas das embarcações, a não ser que o barco tivesse tentado manobrar para evitar a colisão. Segundo ele, o barco levou de três a quatro minutos para afundar.