A Polícia Militar informou que não há necessidade de reforço de policiamento no Morro do Macacos, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, onde anteontem foi assassinado Hélio José da Silva, de 25 anos, porque a morte foi causada por um confronto entre traficantes. Ele era tio da menina Alana, 12, morta por bala perdida na mesma favela há apenas um mês e nove dias. Parentes afirmam que Silva trabalhava como office-boy numa empresa no Flamengo, na zona sul do Rio, e não tinha envolvimento com o tráfico.
"Acontece isso (a morte de Silva) e eles dizem que quem matou foram os bandidos. Mas só que quem está morrendo é a população inocente", disse chorando, a dona de casa Edna Ezequiel, 32, irmã de Silva e mãe de Alana. Anteontem, ela voltava do centro para casa, quando viu o corpo do irmão no meio da rua principal da favela. Vizinhos contaram que os assassinos desceram o morro arrastando o corpo, até deixa-lo próximo à entrada principal.
"Ele foi morto por engano, só porque estava sem camisa e de mochila", afirmou ela. "Não deu nem tempo de ele falar nada, foi igual à norte da Alana, mataram pelas costas", lamentou Edna.
O vigilante desempregado José de Assis, 47, outro dos 20 irmãos de Silva, contou que Silva foi atingido quando voltava da maternidade Carmela Dutra, onde havia assistido ao nascimento do seu sétimo filho. A mulher, que continuou internada com o bebê devido a complicações no parto, soube da morte do marido pela televisão.
"A minha preocupação agora é com a minha mãe, que tem um problema cardíaco grave", disse Edna, afirmando que não tem como voltar a trabalhar por causa dos outros quatro filhos. Antes da morte de Alana, ela trabalhava como faxineira doméstica, agora vem sobrevivendo de doações.
Segundo o relações-públicas da PM, tenente-coronel Rogério Seabra, as primeiras informações são de que Silva teria sido morto em confronto e, de acordo com a perícia preliminar, foi atingido por dois tiros na nuca e um no queixo, o que indica execução. Ainda de acordo com a PM, o disparo que atingiu Alana no tórax, provocando a sua morte, não teria partido de armas de policiais. Segundo o coronel Seabra, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli periciou as armas usadas por policiais na operação que vitimou a menina e concluiu que a bala não partiu delas, apesar de não haverem sido recolhidos fragmentos no local.