>>Bahia perderá R$ 88 milhões sem regional da Infraero
>>Sem a Infraero, Bahia perde prestígio
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O governador Jaques Wagner assegurou nesta sexta, 20, em Brasília, que tentará reverter a decisão tomada esta semana pela Infraero, que retirou da Bahia o comando da Regional Nordeste, transferida para Recife (PE), e subordinou o aeroporto de Salvador à diretoria executiva da sede, em Brasília. “Não vejo lógica nem racionalidade nessa decisão, apesar de aplaudir medidas que visem a otimizar a gestão da coisa pública”, disse o governador, que teve uma audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Brito, sobre um processo impetrado pela Procuradoria Geral do Estado que tramita no STF.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, não estava em Brasília na sexta, frustrando a expectativa do governador de incluir na agenda um encontro com ele para tratar do assunto. Wagner tinha em mãos uma planilha da Infraero com dados de 2006 e 2007 que comprova que, em todos os itens, o aeroporto de Salvador é mais eficiente que o de Recife. “Além de ser o maior aeroporto do Norte/Nordeste, o de Salvador é muito melhor gerido que o de Recife. Se a Infraero está otimizando a gestão, tem é que priorizar as boas práticas”, disse.
Wagner rebateu as acusações de que, sob sua gestão, a Bahia perdeu prestígio junto ao governo federal. “Por exemplo, acabamos de conquistar um investimento de US$ 500 milhões para a Aeronáutica, são nove aviões-patrulha, do tipo mais moderno, para patrulhamento do Atlântico, que ficarão na base aérea de Salvador”, revelou. O governador informa que falou por telefone com o secretário de Aviação Civil, brigadeiro Jorge Godinho, que se comprometeu a tratar do assunto com Jobim.
Nota oficial — A reportagem de A TARDE não conseguiu, durante todo o dia de sexta, falar com o brigadeiro Cleonílson Nicácio, presidente da Infraero, nem com qualquer dos diretores da estatal. As tentativas foram feitas através da asssessoria de Comunicação, que informou que o brigadeiro se encontrava no Amapá, e que também estava tratando dos problemas ocorridos no aeroporto Santos Dumont (RJ).
A estatal enviou uma nota oficial na qual nega que o aeroporto de Salvador perderá a capacidade de gerir recursos. “O valor de R$ 88 milhões refere-se ao orçamento consolidado dos aeroportos de Salvador, Ilhéus, Paulo Afonso e Aracaju que terão autonomia para gerir seus próprios recursos”, diz a nota.
Sobre o Plano de Desligamento Incentivado e Voluntário (PDIV) o texto da Infraero diz o seguinte: “(...) é medida amplamente discutida e goza do apoio dos empregados, valendo ressaltar que se trata de procedimento que propicia adesão voluntária. Com a medida, a Infraero terá condições de aproveitar empregados habilitados em concurso público, com vistas à maior eficiência das operações aeroportuárias”.
A empresa pública encerra a nota afirmando: “a Infraero aproveita para reforçar que o Aeroporto de Salvador/deputado Luiz Eduardo Magalhães não estará subordinado à Regional Nordeste. Ao contrário, pela sua relevância, passa a se subordinar à Diretoria Executiva da Sede, em Brasília, assim como outros nove aeroportos, os maiores da rede, entre eles Galeão, Guarulhos e Congonhas”.
Performance — Os dados oficiais da Infraero relativos aos anos de 2006 e 2007 revelam que, em todos os itens catalogados pela estatal, o aeroporto de Salvador tem performance superior ao de Recife. Nesses dois anos, por exemplo, o aeroporto de Salvador contabilizou uma movimentação de mais de 91 mil aeronaves, enquanto o de Recife não chegou a 60 mil. O movimento de passageiros em 2006 e 2007 também foi superior em Salvador: cerca de 6 milhões em 2007 e 5,5 milhões em 2006, contra os quase 4,2 milhões de Recife em 2007 e 3,9 milhões no ano anterior.
A receita da Infraero em Salvador naqueles dois anos supera também a de Recife: cerca de R$ 70 milhões na capital baiana, contra R$ 56 milhões na pernambucana em 2007. Por outro lado, o item “despesa sem investimento” aponta para cerca de R$ 50 milhões no mesmo ano em Salvador, enquanto em Recife a despesa foi maior: perto de R$ 68 milhões.
Entre as maiores receitas, Salvador também aparece à frente de Recife em 2007: foram R$ 21 milhões contra R$ 14 milhões. No item maiores despesas, no mesmo ano, novamente a lógica se inverte: Salvador aparece com uma cifra de R$ 10,7 milhões enquanto Recife teve despesa naquele ano de R$ 15,2 milhões.