O Egito registrou na quinta-feira sua quinta vítima fatal da gripe aviária, e especialistas na Ásia voltaram a alertar que os países pobres são incapazes de coordenar o combate à doença.
Uma mulher morreu em um hospital do Cairo logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmar que se tratava da 13a. pessoa diagnosticada com o vírus H5N1 no Egito. Em todo o mundo, já são 206 casos e 114 mortes desde 2003.
Exames em um laboratório da OMS confirmaram também a presença do vírus em aves da Costa do Marfim (oeste da África), e as autoridades do país anunciaram novas medidas de controle.
Nigéria, Níger, Camarões e Burkina Faso já confirmaram casos do vírus H5N1 neste ano, mas até agora não tiveram infecções em humanos.
Cientistas temem que a falta de testes para diagnósticos e de pessoal treinado permita que a doença atinja pessoas e animais sem ser notada na África e na Ásia.
Em reunião na quinta-feira em Cingapura, especialistas disseram que as redes para a detecção da doença em aves e humanos são irregulares e em muitos casos ineficientes, o que dificulta o combate à doença.
Pior ainda, segundo eles, é que há falta de cooperação entre órgãos públicos na Ásia e em outros lugares. "Um terço da população mundial está na Índia e na China, e as atividades de vigilância (nesses países) são rudimentares", disse Lance Jennings, virologista dos Laboratórios de Saúde Canterbury, da Nova Zelândia, à Reuters.
Japão, Tailândia e Taiwan estão entre os poucos países considerados eficientes no combate ao H5N1. Já nações pobres, como Laos, Camboja e Mianmar, não têm redes de vigilância.
Jai Narain, diretor de doenças transmissíveis da OMS no Sudeste Asiático, disse que a vigilância entre as aves é uma grande preocupação, porque, sem direito a indenizações, os criadores podem esconder galinhas e patos dos seus quintais em casos de fiscalização.
Autoridades européias disseram que seus países não devem relaxar na contenção do vírus. A temporada de migração das aves da África vai até o final de maio, mas alguns países europeus já começaram a suspender as restrições para que a criação de aves domésticas ao ar livre.
"Não tivemos casos (recentes) na Europa e nos Estados Unidos, o que é muito bom, mas isso não significa que é impossível que uma ave infectada voe da África para a Europa e a América do Norte", disse Christianne Bruschke, diretora da força-tarefa contra gripe aviária da Organização Mundial da Saúde Animal.
Os cientistas temem que o H5N1 sofra uma mutação que permita seu contágio entre humanos, o que até agora não ocorre. Isso poderia provocar uma pandemia com milhões de mortos, e só será possível desenvolver uma vacina após o vírus sofrer tal mutação.
O governo dos EUA anunciou a assinatura de cinco contratos, num valor de 1 bilhão de dólares, para que laboratórios desenvolvam vacinas mais modernas contra as gripes em geral