O Exército de Israel anunciou hoje que investigará o incidente no qual morreu um cinegrafista da agência de notícias Reuters, depois de um grupo de defesa dos direitos humanos ter encontrado evidências de que o disparo de tanque que matou o cameraman e mais cinco pessoas foi um ato "irresponsável" e "deliberado". O cinegrafista Fadel Shana, de 23 anos, morreu na quarta-feira, o mais sangrento dia de violência em um mês na Faixa de Gaza. No momento do ataque que o matou, ele filmava um tanque israelense à distância. A última imagem registrada por ele foi justamente o disparo de tanque que o matou.
Além de Shana, três palestinos morreram na hora, entre eles dois adolescentes. Hoje, mais dois adolescentes feridos no incidente não resistiram aos ferimentos, elevando a seis o total de mortos no incidente e a 25 o de mortos por causa dos confrontos ocorridos na quarta-feira. Ontem, o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu a Israel que investigasse o episódio porque a investigação inicial sugeria que militares israelenses haviam agido de forma "irresponsável" e "deliberada" no ataque que resultou na morte do cinegrafista.
Mais cedo, ataques aéreos promovidos por Israel contra a Faixa de Gaza provocaram a morte de pelo menos sete militantes do grupo islâmico Hamas - cinco ontem e dois hoje, informaram autoridades locais. Israel promoveu os bombardeios depois de militantes do Hamas terem detonado dois jipes repletos de explosivos em um entroncamento na fronteira - 13 soldados israelenses ficaram feridos na explosão.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, visitou o local do ataque feito ontem pelo Hamas e advertiu que o grupo islâmico "sofrerá as conseqüências". Apesar disso, uma ofensiva imediata parece improvável, uma vez que Israel celebra atualmente o Pessach, a Páscoa judaica, e, em maio, comemorará os 60 anos da fundação do país, evento que contará com a presença do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
O braço armado do Hamas reivindicou o ataque de hoje contra o entroncamento de Kerem Shalom e informou que a ação faz parte de uma campanha para levantar o bloqueio total imposto por Israel há quase um ano, pela força, se necessário. Israel e o Egito praticamente fecharam todas as saídas de Gaza em junho, quando o Hamas assumiu o controle total do território após violentos combates com a facção rival Fatah.