>> Você está na região atingida pelo terremoto ou tem conhecidos na localidade afetada? Envie fotos, vídeos e relatos da situação
O porta-voz do primeiro-ministro do Japão, Yukio Edano, admitiu nesta
terça-feira, 15, que o nível de radiação na área da usina
nuclear de Fukushima é perigoso para a saúde da população.
No fim da manhã desta terça (noite de segunda no Brasil), o
governo confirmou a existência de um incêndio no edifício do reator 4 do
complexo - o fogo teria ocorrido devido a uma combustão de hidrogênio.
Pouco antes, uma explosão havia afetado o reator 2 da usina. Os reatores 1 e 3 também já haviam sofrido
explosões. O governo japonês, no entanto, afirmou que está conseguindo
diminuir a pressão nesses três reatores com a utilização de água do mar.
Luta contra crise - As autoridades do complexo Fukushima, danificado na sexta-feira
depois do terremoto seguido de tsunami, estão tentando evitar o colapso
de todos os três reatores nucleares da usina, enchendo os reservatórios
com água marinha para resfriá-los.
A agência de notícias Jiji
citou autoridades dizendo que os níveis de radiação em todo o complexo
logo após a explosão, a terceira no local, estavam aumentando, mas ainda
abaixo dos níveis considerados prejudiciais aos seres humanos. No
entanto, pediram a alguns funcionários que deixassem o local.
"Foi
uma explosão de hidrogênio. Ainda estamos avaliando a causa e não
estamos seguros se a explosão foi causada pelo dano ao reservatório de
supressão", disse um funcionário da agência de segurança.
A agência Jiji informou que a nova explosão causou estragos no teto do superaquecido reator número 2 e que há fumaça saindo do complexo.
Em duas ocasiões anteriores foram registradas explosões de hidrogênio que desprenderam partes do telhado da instalação, mas sem prejudicar as barras do reator, segundo autoridades. Não havia informações imediatas sobre danos nesta terceira explosão.
A Jiji informou que saía vapor do teto do reator número 3 e que foram identificados danos no teto do reator número 4.
A empresa que opera a usina, Tokyo Electric Power, não estava imediatamente disponível para disponibilizar informações sobre o reator número 2, disse a Jiji.
O operador disse que os níveis de radiação na região subiram para 8.217 microsieverts por hora quase uma hora depois da explosão, diante dos cerca de 1.000 microsieverts momentos antes.
As autoridades japonesas disseram que os níveis teriam que chegar a 1 milhão ou mais antes de causar doenças em grande escala pela radiação.
Cenário infernal - Equipes de resgate procuram
sobreviventes nas áreas costeiras atingidas pelo tsunami, ao norte de
Tóquio. As autoridades estimam que pelo menos 10 mil pessoas tenham
morrido por causa do tremor de magnitude 8,9 e do tsunami que aconteceu
depois.
"É um cenário infernal, absolutamente aterrorizante",
disse Patrick Fuller, da Federação Internacional da Cruz Vermelha em
Otsuchi, cidade costeira no nordeste japonês.
O
primeiro-ministro disse que o Japão atravessa sua pior crise
desde a Segunda Guerra Mundial. Os prejuízos são estimados em até 180
bilhões de dólares, e analistas avaliam que a economia japonesa,
terceira maior do mundo, poderá voltar à recessão.
As ações de
empresas japonesas fecharam em queda superior a 7,5 por cento,
eliminando do mercado uma capitalização de 287 bilhões de dólares, na
maior queda desde o auge da crise financeira de 2008. As ações das
seguradoras tiveram queda pelo segundo dia consecutivo nas bolsas de
Londres e Nova York.
No complexo de Fukushima, 240 quilômetros ao
norte de Tóquio, o maior temor é de que haja um grande vazamento de
radiação. Esse acidente
nuclear, o pior no mundo desde o de 1986 em Chernobyl (Ucrânia),
reavivou em muitos países a discussão sobre a segurança da energia
atômica. Críticos dizem que o governo japonês estava mal preparado para a
situação.
A Suíça decidiu adiar a emissão de algumas
autorizações para novas usinas nucleares, e a Alemanha desistiu de
prorrogar a vida útil das suas instalações atômicas. Já a Casa Branca
disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continua sendo
um adepto da energia nuclear.
Cidades Arrasadas - No norte do
Japão, cerca de 850 mil famílias ainda estão sem eletricidade e
calefação, com temperaturas próximas a zero grau Celsius, segundo a
empresa Tohuku Electric Power. O governo afirmou que pelo menos 1,5
milhão de domicílios estão sem água corrente. Há dezenas de milhares de
desaparecidas.
"A situação aqui é simplesmente inacreditável,
quase tudo foi arrasado", disse Fuller, da Cruz Vermelha, em Otsuchi,
uma cidade que foi praticamente varrida do mapa. "O governo está dizendo
que 9.500 pessoas, mais da metade da população, podem ter morrido, e eu
temo pelo pior."
A agência de notícias Kyodo informou que 2.000
corpos foram encontrados na segunda-feira em duas cidades do litoral.
Cidades grandes e pequenas sumiram sob a parede de água que atingiu a
costa japonesa depois do terremoto de sexta-feira.
"Quando o
tsunami chegou, eu estava tentando retirar pessoas. Olhei para trás, e
então foi como a cena de computação gráfica que eu vi no filme
'Armageddon'. Achei que era um sonho. Era realmente o fim do mundo",
disse Tsutomu Sato, de 46 anos, em Rikuzantakata, uma cidade na costa do
nordeste do Japão.
Em Tóquio, os trens de subúrbio estão
parados, e os supermercados estão com prateleiras vazias, já que os
caminhões ficaram impossibilitados de fazer entregas.
Assista ao vídeo que mostram o estrago causado pelo tsunami no Japão: