Partidos de oposição da Geórgia deram um ultimato hoje ao presidente Mikhail Saakashvili, exigindo uma recontagem da contestada eleição presidencial, um acesso justo à TV estatal e a demissão do ministro do Interior. O ultimato assinado pelos líderes de todos os principais partidos de oposição deu o prazo final de 15 de fevereiro para Saakashvili atender as exigências. Caso contrário, a oposição irá boicotar as eleições parlamentares e promover um protesto permanente na frente do prédio do parlamento. "De uma vez por todas, a Geórgia tem de ter eleições livres e democráticas, liberdade de imprensa e um judiciário independente", afirmou o líder oposicionista Levan Gachechiladze, que disputou a eleição de 5 de janeiro com Saakashvili.
O presidente foi reeleito para um segundo mandato com mais de 53% dos votos, segundo resultados oficiais. Mas a oposição denuncia que houve fraude na contagem, fazendo com que Saakashvili obtivesse mais de 50% dos votos e evitasse assim disputar o segundo turno com Gachechiladze, que obteve oficialmente 25%. Observadores internacionais consideraram a votação um "triunfante passo" da Geórgia em direção à democracia, mas destacaram que houve uma série de irregularidades.
"Saakashvili roubou o segundo turno dos eleitores", disse David Gamkrelidze, do oposicionista Partido da Nova Direita. "Precisamos de garantias de que as futuras eleições na Geórgia não serão roubadas". O ultimato oposicionista também exige que Saakashvili promova reformas no sistema eleitoral, tornando-o mais transparente.
Saakashvili, com mestrado em ciências jurídicas da Universidade de Nova York como aluno bolsista do Congresso americano, chegou ao poder num movimento popular conhecido como Revolução das Rosas, que denunciava que as eleições parlamentares de 2 de novembro de 2003 haviam sido fraudadas. O presidente, que atualmente tem 40 anos, ajudou a transformar a Geórgia num país com uma economia vibrante e com aspirações de unir-se à União Européia e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ele se mostrou um aliado fiel do presidente americano, George W. Bush, e afastou a Geórgia da influência russa. Mas sua popularidade despencou sob acusações de autoritarismo e de não ter políticas para aliviar a pobreza.
A brutal repressão a um protesto oposicionista em Tbilisi em 7 de novembro causou revolta na população e críticas de governo ocidentais aliados. Saakashvili convocou então eleições presidenciais antecipadas para conter as tensões. Os partidos de oposição exigem que Saakashvili investigue a repressão de 7 de novembro e demita o ministro do Interior, Vano Merabishvili, seu aliado próximo.