As etnias mongóis, tibetanas e uigures sofrem uma grande repressão do Governo chinês, apesar do desenvolvimento econômico do país e das garantias legais para as minorias étnicas no país asiático, afirmou hoje um relatório da ONG Human Rights in China (HRIC) recebido pela Efe.
O documento, chamado "China: Exclusão, marginalização e crescentes tensões nas minorias", examina o sistema de autonomias chinês que, apesar de garantir o auto-governo e proteger as minorias étnicas, funciona na realidade como um mecanismo de exclusão e controle, diz a entidade.
A HRIC denuncia "infrações sistemáticas dos direitos humanos e políticos junto com uma crescente exclusão do desenvolvimento econômico das minorias étnicas, especialmente evidente na Mongólia (norte), no Tibet e na região autônoma uigur" (Xinjiang, ambas no oeste).
O Ministério de Exteriores da China disse hoje à Efe que seu Governo "sempre dá importância ao assunto dos direitos humanos", incluídos há dois anos na Constituição chinesa.
"Nossa posição é consistente neste assunto. Não vamos reagir a certas declarações de certas organizações", declarou o Ministério ao se referir ao relatório.
O documento foi elaborado a partir dos testemunhos de refugiados políticos, estudantes, camponeses, empresários, desempregados, antigos prisioneiros políticos e profissionais das ONGs na região, assim como através de documentos oficiais e publicações.
Na China convivem 55 minorias étnicas, embora a etnia majoritária Han costume ter atitudes racistas com os demais, às quais consideram subdesenvolvidas, e nos últimos anos realizou uma campanha de "colonização Han" para evitar revoltas nas regiões com movimentos independentista ou uma marcada identidade cultural e racial.
"A grave situação destes três grupos étnicos tende a ser marginal nos debates atuais sobre a situação dos direitos humanos na China, o que contribui para uma perigosa amnésia histórica", disse Sharon Hom, diretora-executiva de HRIC.
O relatório foi confeccionado em coordenação com o Minority Rights Group International (MRG), outra ONG que trabalha com minorias étnicas.
"A China deve garantir uma genuína autonomia e garantir que estas minorias têm direito de participar das decisões que lhes afetam", declarou o responsável pela prevenção de conflitos do MRG, Zoe Gray.
O relatório vem se juntar à longa relação de críticas à situação dos direitos humanos na China de cara à realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, já que o Governo do país asiático se comprometeu ao apresentar sua candidatura a avançar neste sentido, mas segundo diversas denúncias da ONG na realidade está retrocedendo.
O comunicado das duas ONGs diz que a China deveria cumprir suas obrigações internacionais e proteger os direitos humanos na prática, não apenas no papel, para conseguir o respeito da comunidade internacional.