Após ter colocado no último domingo o cargo de Ministro do Interior da Alemanha à disposição da chanceler Angela Merkel, Horst Seehofer voltou atrás nesta segunda-feira, 2, e agora resiste a pedir demissão. Na tarde de segunda, o também líder do partido União Social-Cristã disse ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung que não será “despedido pela chanceler que só é chanceler graças a mim".
O embate político, que se arrasta há meses e coloca o governo de Merkel em cheque, é devido a divergência sobre a política imigratória no país. Seehofer, teoricamente, ainda é aliado da chanceler. Seu partido é aliado ao governista União Democrata-Cristã. “Disse que iria esvaziar os meus dois gabinetes nos próximos três dias”, revelou o ministro a jornalistas na manhã desta segunda, em Munique.
O ministro, no entanto, acusa Merkel de não ter cumprido as expectativas do União Social-Cristã sobre a política de controle de fronteiras no Conselho Europeu, e sua saída pode significar o fim de uma aliança que já dura cerca de 70 anos, com exceção para uma breve separação registada em 1976, além de um prenúncio de eleições antecipadas na Alemanha.
Ao desistir de sair do governo alemão, Seehofer deu o prazo de três dias para a chanceler resolver o impasse. O ministro é crítico da decisão de Merkel em tentar garantir o retorno dos migrantes que estão em território alemão, mas que foram registados por outros países dentro do espaço comunitário. Já o partido de Seehofer deseja uma postura mais ferrenha contra os imigrantes, isto é, restringir os privilégios e a deportação imediata.
Antes do pedido de demissão de Seehofer, membros do União Social-Cristã alegaram à imprensa alemã que o ministro romperia com o governo por “não garantir o apoio necessário”. Para a revista Der Spiegel, uma das mais influentes publicações do país, Seehofer deve perder a credibilidade mesmo se continuar à frente do Ministério do Interior.
A análise do jornal Süddeutsche Zeitung é similar. Analistas do periódico escreveram neste fim de semana que os dias de Seehofer como líder do partido estão contados e que seu “objetivo político” é, se cair, também promover a queda de Merkel.
Ainda nesta segunda, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, líder do partido SPD, outro aliado de Merkel, tentou colocar panos quentes no desentendimento entre a chanceler e Seehofer. Disse à rede de televisão Deutsche Welle que o acirramento das discussões desgasta o governo. “A forma como este debate está a ser conduzido é prejudicial, não só para a imagem da Alemanha, mas também ao governo”.