Josep Borrell, chefe da diplomacia comunitária | Foto: John Thys | AFP
Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Alemanha, Itália e França condenaram nesta terça-feira, 7, a "interferência externa" na guerra na Líbia, em uma crítica velada à Turquia, segundo o chefe da diplomacia comunitária, Josep Borrell.
Em uma declaração conjunta, as cinco autoridades diplomáticas criticam que "a interferência estrangeira contínua está alimentando a crise" na Líbia e exortam todas as partes a alcançar uma saída negociada para o conflito.
"Não digo isso de maneira explícita, mas está claro para quem quer entender que quando falo em maior interferência externa, quero dizer a interferência da Turquia", disse Borrell em entrevista coletiva.
Na Líbia, as forças do marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste do país, infligiram um duro golpe a seus rivais do Governo de União Nacional (GNA), em plena tensão regional pelo anúncio do envio de tropas turcas ao país.
O marechal Haftar, que tenta tomar Trípoli desde 4 de abril, anunciou na sexta-feira a "mobilização geral" contra uma intervenção militar turca na Líbia em apoio ao GNA, reconhecido pela ONU.
Os europeus expressam preocupação com a situação neste país mediterrâneo, mergulhado no caos desde a queda do regime de Muammar Khadafi em 2011 e com duas autoridades que disputam o poder.
A Líbia "não apenas representa um risco para os fenômenos migratórios", mas "também pelo perigo do terrorismo", disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi de Maio, acusando os países que interferem nessa "guerra civil".
Di Maio, para quem a Turquia é um país "crucial" para alcançar o fim da guerra na Líbia, deve viajar à Ancara para encontrar seu colega Mevlut Cavusoglu.
"Concordamos que a partir de amanhã também iniciaremos contatos com os partidos na Líbia para criar as condições para uma solução política", disse o ministro alemão Heiko Maas, cujo país patrocina o Processo de Berlim.
O encontro dos chanceleres aconteceu na véspera de uma reunião na Turquia entre os presidentes turco, Recep Tayyip Erdogan, e russo, Vladimir Putin.
A situação na Líbia estará à mesa de uma reunião extraordinária dos 28 ministros das Relações Exteriores da UE na sexta-feira em Bruxelas, que também abordará a tensão entre os Estados Unidos e o Irã, após o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani em um ataque americano em Bagdá.
Após a reunião sobre a Líbia, os responsáveis pelos países europeus que fazem parte do acordo nuclear com Teerã - França, Alemanha e Reino Unido - abordaram a situação no Irã e concordaram em permanecer em contato para "contribuir para uma redução da tensão", segundo um diplomata europeu.
Borrell, que também expressou preocupação com a violação do acordo nuclear por Teerã, convidou seu parceiro iraniano Mohammad Javad Zarif para uma reunião na sexta-feira, embora ainda não se saiba quando ele chegará ou se ele comparecerá à reunião.