Ao participar das comemorações pelos 110 anos da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou dando estocadas nas editoras do País. "Imaginamos que quando desoneramos os livros, os preços iam cair, mas não caíram. Certamente aumentou o lucro das editoras", disse Lula. Dirigindo-se ao senador e acadêmico José Sarney (PMDB-AP), autor da lei que isentou as publicações de tributos federais, o presidente propôs: "a gente precisa aperfeiçoar essa tua lei para ver se isso não acontece".
Durante uma hora e meia, o presidente esqueceu as dificuldades políticas por que está passando seu governo para enaltecer as ações que vem desenvolvendo a favor dos livros e da leitura. Prometeu para o próximo dia 4 novas medidas que irão "zerar o número de municípios brasileiros sem biblioteca. Não estamos longe de obter esta conquista. Em 2003, havia 1.173 municípios sem bibliotecas. Hoje este número caiu para 613. Queremos chegar em 2008 com pelo menos uma biblioteca em cada cidade brasileira".
Depois de lembrar que, ao incluir as escolas públicas na Olimpíadas da Matemática, conseguiu elevar o numero de jovens participantes - eram 238 mil em 2004 e este ano inscreveram-se 17,3 milhões - o presidente anunciou para 2008 a Olimpíada de Português. Segundo ele, a iniciativa "irá despertar nas crianças mais paixão do que despertou a de matemática".
O presidente foi saudado pelo presidente da ABL, Marcos Vinicius Vilaça, que recordou a origem nordestina dos dois. Mas foi do orador oficial da cerimônia, o senador José Sarney, de quem Lula ouviu maiores elogios.
Exaltando a biografia do presidente, Sarney destacou: "Vossa Excelência podia ter chegado aqui não como presidente, mas como personagem nas páginas de Rachel de Queiroz, José Lins do Rêgo ou Jorge Amado, aqueles que Oswald de Andrade chamava de búfalos do Norte".
Para o ex-presidente da República, a biografia de Lula é "marcante e notável" e o fato de ele ser o primeiro presidente operário no Brasil é "referência de maturidade da democracia brasileira". Sarney lembrou que Lula veio "dos sertões tangido pelo seca" e se referiu ao acidente de trabalho que tirou o dedo mínimo da mão esquerda de Lula, citando que ele teria as "mãos dilaceradas pelo trabalho das fábricas".