Os deputados da chamada terceira via, que pregam uma alternativa aos nomes de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara dos Deputado, descartaram hoje que pretendem lançar uma "anticandidatura" e já sinalizaram a disposição de buscar um nome de consenso dentre os maiores partidos da Casa - o PMDB e o PT. A disposição foi demonstrada hoje, em um primeiro encontro do grupo na capital paulista. Alguns parlamentares, entretanto, disseram que a inclusão do PT como uma das legendas capazes de fornecer um candidato foi motivada "para dar maior abrangência" ao movimento. O mais provável é que o grupo tente buscar um nome dentro do PMDB.
Alguns dos componentes do grupo já chegaram inclusive a procurar o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e teriam recebido uma sinalização positiva, com a condicionante de que este seja o desejo da maioria do partido que se reúne amanhã, em Brasília, para definir a posição da legenda. Já na semana passada, parlamentares do PMDB diziam que, se forem mantidas as duas candidaturas da base aliada, o PMDB pode sentir-se livre para lançar um candidato.
Anticandidatura
No encontro de hoje, os parlamentares que advogam a terceira via devem consolidar a idéia da candidatura, iniciar a discussão de um programa para a Câmara Federal e começar o debate em torno do nome que pode ser mais viável. "No momento em que era uma anticandidatura, eu me apresentei, mas quando percebi que poderemos partir para alguém que efetivamente possa ganhar, eu me afastei", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), ressaltando que alguns dos seus pares defendem um candidato que seja da base do governo "do PMDB ou do PT".
Seguindo a mesma linha, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) defendeu que não importa o nome, mas sim o compromisso "com o programa que aponte para resgatar a credibilidade, a imagem e a democracia da Câmara". "Se for de um partido que dê viabilidade eleitoral, tanto melhor", disse a deputada.
Para o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que também afastou seu nome da disputa, é preciso que o candidato seja capaz de dar "um choque republicano" na Câmara e não tenha participado de qualquer "patifaria". "As duas candidaturas, como está claro aí, representam uma intervenção do Executivo. De um modo geral, o Executivo tem levado o Legislativo a uma situação de imobilismo, servidão e vassalagem", afirmou Jungmann, destacando que a candidatura da terceira via vai até o final do processo e que ele já sugerirá hoje aos membros do grupo independente que procurem os presidentes dos partidos e os governadores para tentar conquistar o máximo de apoio a este candidato.
Segundo Jungmann, a conversa com o PMDB já está adiantada, bem como com outros partidos. "A gente tem conversado com o PMDB e muita gente diz: Estamos com vocês, mas não vamos aí (na reunião de hoje, em São Paulo) para esperar a reunião do PMDB e não criar atrito lá dentro", afirmou, informando ainda que dentro do PT também "existe muito mal-estar". Também participam da reunião os parlamentares Ricardo Izar (PTB-SP), Paulo Renato de Souza (PSDB-SP), José Aníbal (PSDB-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Dimas Ramalho (PPS-SP), Raquel Teixeira (PSDB-GO) e Gustavo Fruet (PSDB-RJ), entre outros.